domingo, 6 de novembro de 2016



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quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Platonismo e Aristotelismo em Bizâncio III

Continuação dos posts anteriores.
TATAKIS, B. N Christian Philosophy in the Patristic and Byzantine Tradition. Orthodox Research Institute, 2007, pag. 245.

Capítulo 16.




1) O Trabalho e contribuição de Miguel Psellos. Após as características gerais do curso do platonismo em Bizâncio a partir e além de Psellos, nós chegaremos a ver mais estreitamente o trabalho de Psellos de modo a entender melhor esta nova e muito importante volta da filosofia bizantina.
Já a partir do século nono, começa a aparecer um círculo de amigos fervorosos e admiradores da educação grega e de Platão. Entre eles uma posição distintiva é ocupada pelo Bispo de Cesaréia Arethas, um discípulo de Fócio e de Leo O Matemático. Arethas compartilhou um interesse especial pela preservação dos escritos de Platão. Dele é o famoso códex que contém o melhor texto dos trabalhos Platônicos e outros que preservam outros autores significantes, como o matemático Euclides, Clemente de Alexandria e outros. As margens de todos os seus manuscritos clássicos são decorados com suas notas feitas por sua própria mão, que são importantes porque eles mostram a familiaridade dos intelectuais daquele tempo com os autores clássicos. Este movimento pro-platônico alcança seu pico com Psellos (1018-96).
Antes que falemos sobre as visões filosóficas, nós interromperemos outro ponto interessante. "Antes que eu chegasse a estudar filosofia", diz Psellos, "eu estava enamorado com a retórica". Este amor o acompanha através de sua vida. Psellos se orgulha de ser diferente dos outros, porque ele sabe como não se deve negligenciar a ciência quando ele compõe uma oração usando todos os floreios da composição literária e o maneirismo retórico quando ele desenvolve uma questão filosófica. Ele diz de si mesmo combinar filosofia com retórica, e toma o cuidado de adaptá-los com a ajuda de ambas. Em outras palavras, ele está interessado não só no conteúdo, mas na forma, procurando harmonizá-las.
O cuidado com o estilo, ele diz, não é um obstáculo para a virtude. Psellos quer ser um bom estilista e ele o é, de fato. Ele tem um estilo muito ilustrativo. Seu amor pela retórica, porém, não o empurra para a atitude unilateral dos retóricos que condenam a filosofia. Você deve, ele escreve a um padre que procura seu conselho, colocar-se entre as duas fontes, a filosofia e a retórica, e deixar-se embebedar de ambas, cada uma a seu modo. De outro modo, você fará da sua mente uma criança desprovida de língua, se estudar apenas filosofia, ou uma língua desprovida de mente, no caso oposto.
Mas a filosofia e a retórica não são, para Psellos, fins últimos. Elas são meios. Nenhuma delas são suficientes para formar um ser humano plenamente, torná-lo completo, como diríamos hoje, se a ciência da política não adicionasse algo a elas. Se isto não acontece, então os homens com toda a sua retórica e filosofia serão apenas 'címbalos que tocam'. Não nos parece disso tudo que ele já esteja no clima de Platão?

2. O estilo literário de Psellos. Foi porque Psellos pensava deste modo que na universidade que foi organizada por Constantine Monomachos que ele foi chamado o "supremo dos filósofos" que ele não se restringiu apenas à filosofia, mas também alcançou aquelas questões que se relacionavam com o estilo. Sua proposta é dar aos seus discípulos as regras da retórica, mas aquelas que apenas brilham, sendo vazias, mas a retórica como a quis Platão. Seu guia nisto era Platão e Aristóteles. Isto mostra que Psellos tinha uma mente aberta (ele tinha, de fato, a mente mais católica de Bizâncio), que procurou investigar minunciosamente tanto a essência quanto a forma das coisas. Para formar seu estilo, ele estudou, além dos poetas, Tucídides, Platão, Plutarco, Lísias, Demóstenes, Isócrates e também os gramáticos gregos, que tratam deste problema. Deste modo, ele conhece o estilo especial de cada um e reprime aqueles que comparam Platão com Lísias e Tucídides. Platão, ele diz, é divino, mas é difícil para alguém imitá-lo; mesmo as partes que são mais claras, e que nos aparecem como acessíveis são, de fato, muito elevadas e profundas; se a ele não tivesse se oposto Gregório o Teólogo, que foi grande na eloquência e na virtude, "eu teria dito", ele adiciona, "que Platão jaz além de qualquer comparação". Ele está absolutamente certo e cônscio destas palavras. Seus estudos acerca do estilo o persuadiram que na arte do discurso, o estilo gracioso não é tudo. Ele diz que o discurso deveria ser doce algumas vezes e duro em outras, algumas vezes magnificente e em outras vezes modesto,e em outras vezes deveria ser esquecido. Assim, ele finaliza com a seguinte caracterização, na medida em que seu próprio estilo concerne. Estava livre de virtude e da forma de cada um deles (dos grandes antigos).  "Meu discurso é adornado em virtude de todos eles e consequentemente, eu sou aquele que foi feito por muitos. Se alguém quer ler meus trabalhos, porém, verá muitas destas investigações desde a raiz". Psellos martelou, de fato, um estilo que foi seu próprio, com frases que era grandes e cheias de nobreza, paixão e delicadeza, mas não livre do peso dos embelezamentos retóricos. Eu mencionei estas coisas por duas razões. Em primeiro lugar para Mostrar como Psellos se encontra quatro séculos antes da Renascença, mas como ela, tem um reconhecimento especial com relação aos antigos. Em segundo lugar para mostrar que este cuidado tão intenso. E em segundo lugar, de forma a mostrar que seu cuidado pela forma, que é tão intensa, é uma das causas que lhe trouxeram Platão e que chegou a entender o filósofo grego de maneira tão distinta que seus predecessores, como, por exemplo, Fócio.